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Photographia Vicente

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Photographia Vicente

Detalhes do registo

Identificador

72161

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/ABM/VIC

Código da entidade detentora

ABM

Código do país

PT

Tipo de título

Atribuído

Título

Photographia Vicente

Datas descritivas

Entre 1852 e 1978

Dimensão

Fundo com cerca 400 mil negativos, a maioria em suporte de vidro: simples, duplos e triplos, monocromáticos, nos diversos formatos do processo fotográfico, entre os quais colódios e autochromes, de gelatina sal de prata, e ainda negativos em suporte de película de gelatina sal de prata, monocromáticos.

Entidade detentora

Photographia-Museu Vicentes (atual Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s), em depósito no Arquivo Regional e Biblioteca

Produtor

Photographia Vicente / Vicente Photographos; Casa Vicente Lda; Pátio, Livros e Artes, Lda. 1852-1978.

História administrativa/biográfica/familiar

A “Photographia Vicente” representa, no panorama do património cultural da Ilha da Madeira, uma das mais prestigiadas e principais casas fotográficas, quer pela sua antiguidade, quer pela sua atividade enraizada na família ao longo de quatro gerações. A sua fundação ficou a dever-se a Vicente Gomes da Silva, nascido no Funchal a 12 de março de 1827, cidade onde também passou toda a sua vida, falecendo a 14 de dezembro de 1906. Além de exercer a profissão de gravador e de desenhador, provavelmente estabelecido em 1848, Vicente Gomes da Silva empreendeu por sua iniciativa e mérito os primeiros passos na arte de fotografar a partir de 1852, estabelecendo-se nesta atividade tardiamente na rua da Ponte Nova. Este momento inédito foi registado anos mais tarde pelo próprio com uma inscrição num caixilho de madeira que declarava o seguinte: “Este resto de caixilho pertenceu ao 1.º aparelho photographico com que comecei a exercer a profissão de photographo um anno depois da descoberta do colódio photographico (1851) por Mr. Archer, chimico inglez, que seguiu as sugestões de Niépce, chimico francez. O ditto aparelho completo custou-me £3 (libras) e foi-me trazido de Londres pelo capitão Davies, do “Eclyse”, a pedido de José António Monteiro Teixeira, meu amigo, quando já ele era vice-consul de França. Foi com o dito caixilho que retratei a imperatriz d’Áustria, quando esteve na Madeira, na Quinta da Vigia, assim como personalidades da sua comitiva e outros grandes estrangeiros e da terra, bem como muitos meus patrícios democratas, com quem ganhei dinheiro bastante para me alegrar. Funchal, 1 de agosto de 1887 / Vicente Gomes da Silva”. Depois de uma breve passagem pela rua da Ponte Nova, em, 1858 e, em 1862, por um bazar no largo da Sé, estabelece por fim o seu estúdio na rua da Carreira, na época denominada rua dos Pintos. A aquisição do imóvel na atual rua da Carreira, antiga propriedade do morgado João Câmara Carvalhal Esmeraldo, negociada a 27 de maio de 1865 pelo Dr. António da Luz Pita, constitui de facto o momento mais marcante da carreira de Vicente Gomes da Silva, pois é ali que fixa definitivamente o seu atelier fotográfico “tornando-se num dos mais antigos estúdios abertos ao público no nosso país” e um dos ex-libris do Funchal que muito contribuiu para a transformação da fotografia em produto de consumo “permitindo que as classes menos abastadas se pudessem retratar, enquanto, outrora era um privilégio de ricos”. Na realidade, o prestígio evidenciado pelo talento multifacetado e dinâmico de Vicente Gomes da Silva rapidamente clarifica-se quando, em 1866, é autorizado a usar o título de fotógrafo de sua Magestade a Imperatriz da Áustria e as suas armas reais, revelando-se esta conquista um reconhecimento e uma pujança ímpar para um recente estúdio insular, mas também uma consagração internacional. Conforme uma nota autografada e registada no livro de expediente, entre dezembro de 1886 e agosto de 1887, decorreram importantes obras neste edifício sob a direção “e planno traçado por, Vicente Gomes da Silva, Jr.” seu terceiro filho, já então fotógrafo assistente. Os trabalhos recaíram na ampliação e “substituição do antigo atelier”, ficando nitidamente limitado pela nova construção o pátio da entrada que, então, passou a fazer ligação das duas alas por uma varanda ao nível do primeiro andar, cuja traça ainda hoje se mantém. Nesta ala sul do edifício, além do estúdio de novas dimensões, ficaram enquadradas as áreas da sala de espera, o quarto escuro e o quarto de impressão, “donde se voltava a descer interiormente para o tanque de lavagem”. Ao fundo do quintal permaneceu a marcenaria, o torno mecânico e a fundição. Eram dessas oficinas que saiam os novos móveis, os cenários, as vitrinas e outros acessórios que decoravam o estúdio, bem como o ferro forjado do corrimão e da varanda do pátio, tudo talentosamente concebidos e executados por Vicente Gomes da Silva, Sénior e Vicente Gomes da Silva, Júnior. Em circunstância dos três irmãos já terem falecido nos inícios do século XX e de seu pai já possuir uma avançada idade, que o levaria a falecer em 1906 com 79 anos, coube a Vicente Gomes da Silva, Júnior orientar continuamente a administração do estúdio, revelando-se ao longo da sua carreira um fotógrafo de grande prestígio e sempre atento às inovações técnicas vindas do exterior. Nascido no Funchal a 23 de setembro de 1857 e falecido a 30 de maio de 1933, foi agraciado pela carta régia datada de 6 de janeiro de 1903, com o título de “Photographo da Casa Real Portuguesa” pelo seu trabalho, em 1901, aquando da visita dos Reis de Portugal, D. Carlos de Bragança e D. Amélia, à Madeira, podendo assim ostentar as armas reais da casa de Bragança no seu estabelecimento. Em 1910 formalizou, entre si e o seu filho primogénito, Vicente Ângelo Gomes da Silva (1881.12.14-1954.04.17), a primeira constituição da sociedade “Photographia Vicente”, pela escritura de 21 de setembro, cabendo ao primeiro cerca de 75% do capital e ao segundo, que também segue a arte de fotografar, o capital restantes e que lhe competia da herança de sua mãe, Dona Eulália Martinha de Freitas Gomes da Silva, falecida em 1884. Em 1929, os ativos desta sociedade particular foram reformulados pela escritura de 13 de maio, que oficializa através deste novo contrato, a formação de uma nova sociedade comercial intitulada “Casa Vicente, Lda”, gerida pelos dois sócios, cujo capital ficava assim distribuído: duas terças partes para Vicente Gomes da Silva, Júnior e uma terça parte para Vicente Ângelo Gomes da Silva. Com o falecimento de Vicente Gomes da Silva Júnior, entrou na gerência da “Casa Vicente, Lda” o neto Vicente Bettencourt Gomes da Silva (1902.05.10-1960.07.13) que, juntamente com o seu pai, Vicente Ângelo Gomes da Silva, passaram a gerir a sociedade com idêntico capital, como demonstra a escritura celebrada entre ambos a 28 de julho de 1933. Na mesma profissão, juntou-se ao pai e ao irmão, inicialmente como ajudante e depois como repórter, Jorge Bettencourt Gomes da Silva (1913.10.06 - 2008.12.19), tornando-se no último representante da geração de fotógrafos desta família. Vicente Bettencourt Gomes da Silva exerceu a sua atividade de fotógrafo e gerente entre os anos de 1930 e 1960 e o seu irmão, Jorge Bettencourt Gomes da Silva, trabalhou entre os anos de 1933 a 1972. A partir dessa data e até 1978 desempenhou as funções de fotógrafo-colaborador da firma “Pátio, Livros e Artes, Lda”, pertencente aos sócios Maria Mendonça e José António Rodrigues Pimenta que, por escritura de 14 de março de 1972, haviam adquirido toda a participação social do estúdio “Photographia Vicente”. Nesta escritura de venda, além de Jorge Bettencourt Gomes da Silva, participou D. Maria da Conceição Valente (1897-1978.06.07), viúva de Vicente Bettencourt Gomes da Silva, que detinha metade da sociedade. Dois dias depois, pela escritura de 16 de março de 1972, a “Pátio, Livros e Artes, Lda” e Jorge Bettencourt Gomes da Silva acordavam o arrendamento, por um prazo de seis anos, de todas as lojas do rés-do-chão do imóvel, com exceção de uma já alugada a Serafim Bastos, “lojas que têm entrada pela Avenida Gonçalves Zarco e pela Rua da Carreira (…), incluindo as montras e os nichos de ambas as entradas, o quintal ou pátio e seus acessos” e, ainda, a parte do primeiro andar do prédio onde se encontrava o estúdio da “Photographia Vicente com duas entradas laterais e toda a varanda que circunda o primeiro andar do prédio”. O objetivo desta sociedade era desenvolver a “atividade comercial e industrial de exploração fotográfica, casa de chá, restaurante, esplanada, tabacaria, livraria, galeria de arte, ou qualquer ramo de comércio e indústria”, assim como a intenção “de elaborar um pequeno museu fotográfico a instalar no primeiro andar na parte que fica alugada do prédio”. Com a abertura do restaurante no rés-do-chão do edifício, o laboratório passou para o piso superior, onde até 1978 Jorge Bettencourt Gomes da Silva continuou a tirar fotografias para bilhetes de identidade. Passados seis anos sob a administração da firma “Pátio, Livros e Artes, Lda”, o edifício e o antigo espólio da “Casa Vicente”, que incluía mobiliário de atelier, máquinas fotográficas e cerca de 400 mil negativos, foram comprados pelo Governo Regional da Madeira a 13 de junho de 1979. Após obras de beneficiação do estúdio, o espaço abriu ao público com a designação de “Photographia-Museu Vicentes”, a 22 de março de 1982, sendo depois adquirido o imóvel na sua totalidade ao proprietário Jorge Bettencourt Gomes da Silva, a 3 de agosto de 2004. Em julho de 2019, em função das obras de requalificação do edifício e espaço museológico, o “Photographia-Museu Vicentes” passou a denominar-se "Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s (MFM-AV)".

História custodial e arquivística

Aquisição inicial do acervo em 1972 por D. Maria Mendonça, açoriana residente no Funchal, integrando-o sob a designação de "studio Vicente" no património da firma “Pátio, Livros e Artes, Lda”. A 13 de junho de 1979, o Governo Regional da Madeira adquire o "studio Vicente", que inclui, além dos negativos, vários cenários, máquinas fotográficas e mobiliário de atelier, bem como as instalações do estúdio que, após sofrer obras de beneficiação do espaço, abriu ao público com a designação de “Photographia-Museu Vicentes”, a 22 de março de 1982. A 23 de junho de 2016, este fundo foi, juntamente com todo o acervo fotográfico do Photographia-Museu Vicentes, depositado no Arquivo e Biblioteca Pública da Madeira (ABM).

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Aquisição pelo Governo Regional da Madeira a 13 de junho de 1979 e integração no Photographia-Museu Vicentes. A 23 de junho de 2016, este fundo é depositado no Arquivo e Biblioteca Pública da Madeira (ABM), a fim de garantir melhores condições de conservação.

Âmbito e conteúdo

O acervo da “Photographia Vicente” reúne um valioso testemunho de fontes iconográficas que se destacam pela sua diversidade temática e alargada dimensão cronológica, ao longo de quatro gerações. Neste fundo, encontra-se uma produção significativa de retratos, de atelier e de exterior, contendo o registo de inúmeras personalidades locais e de visita à Madeira, bem como fotografias que documentam memórias da paisagem natural, rural e urbana da ilha. De considerável relevância são, ainda, as séries que ilustram aspetos relacionados com as vivências do quotidiano, entre os quais: costumes da população local, atividades económicas, património arquitetónico e artístico e, inclusive, trajetórias dos principais acontecimentos que, num passado longínquo, iam marcando a sociedade e panorama institucional do Arquipélago da Madeira.

Sistema de organização

A organização do acervo “Photographia Vicente” respeita os mesmos parâmetros de classificação temática que foram uniformizados, pelo ABM, para a inventariação e divulgação geral dos grandes fundos fotográficos, como acontece por exemplo com o fundo “Perestrellos Photographos”. Assim, baseado nos critérios de normalização arquivística, a estrutura de classificação temática esquematiza, numa dependência hierárquica de secções, subsecções e séries, uma nomenclatura de assuntos que refletem o âmbito e conteúdo dos documentos fotográficos e dos motivos retratados. A todas as imagens foram atribuídas palavras-chave, para facilitar a pesquisa.

Condições de acesso

Comunicável à medida do respetivo lançamento. O fundo está parcialmente disponível ao público em formato digital.

Condições de reprodução

Reprodução para exposição, publicação e utilização comercial mediante autorização do ABM. Em todas as imagens serão obrigatoriamente referenciados os respetivos créditos, segundo o Regulamento Geral de Acesso e Reproduções do ABM.

Idioma e escrita

Português

Notas

O tratamento arquivístico do fundo encontra-se em curso. Em função de circunstâncias dependentes da extensão do fundo, optou-se por disponibilizar de forma gradual a informação respeitante aos documentos simples e respetivas representações digitais.

Notas do arquivista

TítuloAbreviaturas, siglas e acrónimos Data2018-01-10 ArquivistaAlda Pereira Nota do arquivistaABM - Arquivo Regional e Biblioteca Pública da MadeiraAnt. - Anterior aCm - Centímetro (s)Cx. - Caixa (s)F. - Folha / fólio Liv. - LivroN.º - Número P. - Página (s)PMV - Photographia-Museu VicentesPost. - Posterior Séc. - SéculoS.d. - Sem data VIC - Vicentes
TítuloDescrição elaborada com base nas seguintes fontes Data2018-01-11 ArquivistaAlda Pereira Nota do arquivistaManuscrita:ABM - Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Livro de registo de batismos da Igreja de Santa Maria Maior, Funchal, Liv. 282, f. 60 v.º (1827.08.05). ABM, Livro de registo de batismos da paroquia da Sé, Funchal, Liv. 1283, f. 46-46 v.º (1881.12.29).ABM, Livro de registo de batismos da paroquia da Sé, Funchal, Liv. 6424A, f. 19 (1902.05.29).ABM, Livro de registo de casamentos da paróquia de Santa Maria Maior, Liv. 1242, f. 43 v.º (1848.11.19).ABM, Livro de registo de casamentos da paróquia da Sé, Liv. 6440A, f. 24-25 (1900.10.20).ABM, Livro de registo de óbitos da paróquia da Sé, Liv. 6464, registo de óbito n.º 85, f. 43 (1906.12.14).ABM, CRC - Conservatória do Registo Civil, Funchal, registo de nascimento n.º 1285, Liv. 1623, f. 324 (1913.10.06).ABM, CRC, Funchal, registo de casamento, Liv. 42, f. 37-37 v.º (1925.02.19). ABM, CRC, Funchal, registo de óbito n.º 593, Liv. 259, f. 297 v.º (1933.05.30).ABM, Registos Notariais, Liv. 3049 (1910.09.21).ABM, Registos Notariais, Liv. 6212 (1929.05.13).ABM, Registos Notariais, Liv. 6495 (1933.07.28).ABM, Registos Notariais, Liv. 8905 (1972.03.14).Periódica:DN - Diário de Notícias, Funchal, 1906.12.15, pp. 2 e 3.DN, 1933.05.31, p. 1. DN, 1933.06.01, p. 3. DN, 1954.04.18, p. 3. DN, 1954.04.24, p. 1. DN, 1954.04.25, p. 3.DN, 1954.04.26, p. 1.DN, 1960.07.14, p. 1.DN, 1997.08.10, p. 13.DN, 2008.12.19, pp. 1 e 32.Diário da Madeira, 1931.12.13, p. 1.JM - Jornal da Madeira, Funchal, 1933.05.31, p. 1.JM, 1933.06.01, p. 3.JM, 2001.06.18, p. 5.JM, 2001.06.30, p.6.Bibliográfica:Photographia-Museu "Vicentes", s.d., desdobrável, Funchal, SRTC/DRAC. MELO, Luís de Sousa Melo, 1978, Vicentes Photographos, Funchal, Edições Ilhatur.SOUSA, Francisco Clode (coord), 2010, Obras de Referência dos Museus da Madeira, Lisboa, Galeria de Pintura do Rei D. Luís I, 2009, pp. 441, 500 e 502.Documentos / sítio webPhotographia-Museu Vicentes, sítio web, disponível em http://photographiamuseuvicentes.gov-madeira.pt/, consultado em 2017.12.12.