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Igreja Inglesa do Funchal

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Igreja Inglesa do Funchal

Detalhes do registo

Identificador

2659049

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/ABM/HTC

Código da entidade detentora

ABM

Código do país

PT

Tipo de título

Formal

Título

Igreja Inglesa do Funchal

Outros títulos

Holy Trinity Church; Church of the Holy and Undivided Trinity of Funchal

Datas

1802  a  2017 

Dimensão

76 unidades de instalação: livros, pastas, documentos avulsos

Suporte

Entidade detentora

Igreja Inglesa do Funchal. Em depósito no Arquivo e Biblioteca da Madeira.

Produtor

Igreja Inglesa do Funchal / Holy Trinity Church (or Church of the Holy and Undivided Trinity of Funchal)

História administrativa/biográfica/familiar

Em 1654, após a execução de Carlos I de Inglaterra, Oliver Cromwell, enquanto “Lorde Protetor”, assinou com D. João IV de Portugal o Tratado de Westminster. Entre as várias disposições do Tratado incluía-se a permissão de os ingleses residentes em Portugal praticarem em privado a religião protestante. Contudo, pode afirmar-se que na Madeira a história da prática pública da religião protestante teve início em 1761, quando William Naish, o Cônsul-Geral britânico, obteve de D. José I permissão para adquirir um terreno destinado a um cemitério, com a condição de que o mesmo se localizasse fora da cidade do Funchal. (Até esta data, os restos mortais dos protestantes assumidos eram atirados ao mar próximo do Garajau.) Os residentes britânicos na ilha adquiriram um terreno do lado de fora das muralhas da cidade, em frente ao atual Largo do Visconde do Ribeiro Real, na extremidade oeste da Rua da Carreira. O cemitério recebeu o nome de “The Nation’s Burial Ground”.Na Madeira, entre 1658 e 1665 os mercadores britânicos organizaram-se no que chamaram de Fábrica Britânica. Por volta de 1812, a Fábrica tinha não apenas estabelecido um fundo para acudir os náufragos e os desamparados, entre outros súbditos britânicos carentes de ajuda, mas havia ainda construído dois cemitérios e um hospital, para além de possuir bombas de incêndio. Até à década de 1830, a Fábrica pagava impostos a várias entidades portuguesas oficiais, incluindo o Governador da ilha, bem como os salários do juiz conservador e do seu escrivão. Data de 1808 a primeira evidência do seu esforço concertado para obter “um lugar de devoção” para os protestantes britânicos que habitavam nesta ilha.Nos livros da Fábrica Britânica há um registo, datado de 1810, de uma resolução formal para que, do fundo de caridade da Fábrica, se pusesse de parte “em cada ano a soma de 200 mil réis” (cerca de 400 libras) para a construção de uma capela. No fim do mesmo ano, a Fábrica Britânica adquiriu dois terrenos apropriados para a construção, pelo preço de 4 400 000 réis, bem como uma parcela adjacente, comprada alguns meses mais tarde por 800 000 réis. Estes lotes equivalem à área que é hoje ocupada pela Igreja Inglesa e respetiva casa paroquial na Rua do Quebra-Costas. A autorização para construir foi requerida em 1813 a D. João VI (em abril) e por este deferida por carta enviada do Brasil (em junho). A construção da capela iniciou-se em 1817 e foi concluída em 1822.Ao contrário do que muitos julgam, o Cônsul Henry Gordon Veitch não desenhou o edifício da atual Igreja Inglesa, primeiramente conhecido como a Capela da Fábrica e que depois se tornaria na Capela Consular. (A designação definitiva – da Santíssima e Indivisa Trindade – seria atribuída em 1860 com a consagração da igreja pelo Bispo Anglicano da Serra Leoa, em cuja diocese foi integrada.) Como capela privada, contornou as leis portuguesas que proibiam o culto público da fé protestante. A autorização real para a construção do edifício continha uma cláusula que proibia a edificação de uma torre sineira. A arquitetura da Capela Consular do Funchal ostenta uma geografia sagrada de aparente inspiração maçónica. Projetada em unidades de medida imperiais, a capela foi construída como um quadrado perfeito, cada fachada com 69 pés (21,3 metros) de comprimento, com múltiplos do número 3 a serem usados ao longo das várias dimensões (o diâmetro do círculo das colunas tem 36 pés), e a sua configuração interior centrada no círculo de colunas, numa representação da descida do Espírito (círculo) ao Mundo Material (quadrado). Linhas projetadas a partir do pináculo da cúpula, em direção a cada uma das esquinas, produzem uma pirâmide perfeita.Os documentos do arquivo mostram que em 1837 havia na capela 368 lugares sentados distribuídos por 36 bancos de caixa e 7 caixas de varanda, com 12 bancos temporários. As famílias pagavam uma taxa anual para reservar cada banco de caixa. O salário do primeiro capelão ascendeu ao ambicioso montante de 400 libras anuais, o que conduziria a tentativas posteriores de reduzir este valor.Na altura em que se planeou a “Igreja Inglesa”, a comunidade protestante britânica na Madeira era já diversa, com as suas designações de Anglicanismo, Reformismo (incluindo Presbiterianos), Metodistas e Baptistas. Mas mesmo que a maioria pertencesse à Igreja Anglicana, o relevante contingente de presbiterianos escoceses não deixou de aceitar a unidade da comunidade. Podia dizer-se que o aspeto original da capela, monástico e de ‘baixa igreja’, terá seduzido todos os estratos de fiéis e contribuído para essa unidade, não obstante pressões dissidentes e o fervor de uma cultura religiosa concorrente, típica do século XIX, tenham conduzido a transformações na aparência interior da capela e no mobiliário.Após o início do projeto da Capela da Fábrica, a Comissão Geral de Comércio da Fábrica nomeou os seus capelães e geriu financeiramente a construção. A independência financeira e religiosa inicial da capela cessou quando o seu conselho, após muito debate, finalmente decidiu candidatar-se ao novo Ato Consular britânico, de 1825, e ao apoio financeiro a partir de então disponibilizado às igrejas britânicas no estrangeiro. Por via do Ato Consular (Jorge IV, Cap. 87), a capela passou a ser uma igreja do Estado governada pelo Foreign Office e cabia à Coroa nomear o capelão.Apesar de o Ato Consular permitir clérigos anglicanos e presbiterianos, apenas foram nomeados capelães oriundos da Igreja Anglicana. Mais tarde, em 1861, uma igreja presbiteriana escocesa seria construída nas imediações do jardim municipal do Funchal. O Ato Consular também limitou o pagamento de salários. Apenas um capelão era permitido, mediante autorização do Bispo de Londres. A comissão administrativa da igreja não tinha interferência na administração espiritual, enquanto que o capelão não se podia envolver na gestão temporal. As contas da igreja e do cemitério eram feitas em separado e submetidas anualmente ao Foreign Office, para efeitos de reembolso. Em 1870 estas contas ascendiam a 9 000 libras anuais.Em 1873 o Ato Consular foi revogado pelo governo do Primeiro-Ministro Gladstone, com o objetivo de conter a despesa, e os apoios financeiros às igrejas no estrangeiro foram abolidos. A Igreja da Santíssima Trindade do Funchal recuperava, assim, a sua independência em termos de gestão. A 2 de janeiro de 1875, a comissão administrativa da igreja deliberou, em assembleia geral, que “dado o fim da ajuda pecuniária do Governo de Sua Majestade, a Capela da Igreja Anglicana passaria a ser propriedade pública britânica administrada em benefício da comunidade britânica da Madeira.” Os membros da comunidade britânica podiam assistir à assembleia geral anual e os administradores da igreja eram eleitos anualmente, ficando na dependência do bispo anglicano com tutela espiritual na Madeira. Este órgão corporativo ficou conhecido como The Church of England and British Cemeteries Trust for Madeira. O estatuto legal desta corporação administrativa da capela e cemitérios britânicos foi devidamente reconhecido e confirmado por decreto régio de D. Luís I, datado de 18 de janeiro de 1876.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Por contrato de depósito datado de 6 de dezembro de 2021, celebrado entre a Secretaria Regional do Turismo e Cultura (SRTC)/Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira (DRABM) e a Associação da Igreja Anglicana do Funchal (HTC), foi depositado no Arquivo e Biblioteca da Madeira o arquivo histórico da Igreja Inglesa e do cemitério britânico do Funchal, reunindo um total de 376 unidades de instalação, com documentação datada entre 1802 e 2018. Ficou acordado entre a HTC e a DRABM a interdição de «facultar a terceiros o acesso e a consulta de espécies documentais da HTC por outros meios que não os digitais, salvo nos casos em que os interessados apresentem documento de autorização emitido pela HTC, ou sejam considerados pela DRABM investigadores academicamente qualificados».

Âmbito e conteúdo

O arquivo histórico da Igreja Inglesa do Funchal/Holy Trinity Church (HTC), depositado no Arquivo e Biblioteca da Madeira, é constituído por documentação datada entre 1802 e 2018, reunindo-se um total de 377 unidades de instalação (livros, pastas e documentação avulsa). Contém documentação no âmbito da ação pastoral, administrativa, financeira, patrimonial e da gestão quotidiana da HTC. Destaque para os livros de registo de batismos, casamentos e óbitos celebrados na referida igreja, bem como para os livros de sepultamentos realizados no cemitério inglês. Assumem particular importância os livros de atas e deliberações de reuniões gerais de residentes britânicos, as pastas de correspondência recebida e expedida, onde se incluem as missivas estabelecidas com os cônsules ingleses na Madeira. Por fim, é de relevar os catálogos dos livros pertencentes à biblioteca desta Igreja Anglicana, entre outra documentação atinente à gestão patrimonial, como faturas e plantas no âmbito de obras de reparação. Acresce a existência de alguns mapas com a localização da igreja e cemitério inglês na cidade do Funchal.

Ingressos adicionais

Por auto de entrega datado de 18 de agosto de 2022, teve lugar um ingresso adicional no ABM, proveniente da Igreja Inglesa, igualmente em regime legal de depósito, «constituído por 1 capa, contendo o levantamento arquitetónico do edifício da referida igreja».

Sistema de organização

Este arquivo não foi ainda objeto de classificação, pelo que a organização e ordenação são, por ora, provisórias. A documentação disponibilizada acha-se ordenada cronologicamente.

Condições de acesso

O acesso à documentação em suporte original (papel) encontra-se vedado. A disponibilização pública dos registos descritivos e respetivas réplicas digitais é feita, exclusivamente, através da plataforma de descrição de arquivos do ABM: https://arquivo-abm.madeira.gov.pt/details?id=2659049.

Idioma e escrita

Inglês; Português; Latim

Notas do arquivista

Data2017- - ArquivistaCefyn Embling-Evans (descrição em língua inglesa), Maria Paredes (tradução da descrição em língua inglesa para o português), Nuno Mota, José Vieira Gomes e Zélia Dantas (revisão) TítuloDescrição do arquivo da Igreja Inglesa

Publicador

josevieiragomes

Data de publicação

26/10/2022 14:38:37