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William Hinton & Sons

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William Hinton & Sons

Detalhes do registo

Identificador

120857

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/ABM/WHS

Código da entidade detentora

ABM

Código do país

PT

Tipo de título

Formal

Título

William Hinton & Sons

Datas

1827  a  1994 

Datas predominantes

1860-1984

Dimensão

910 u.i. (865 liv., 41 cx. e 4 pt.)

Suporte

Entidade detentora

Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira

Produtor

William Hinton & Sons

História administrativa/biográfica/familiar

É significativa a marca deixada pela família Hinton na História da Madeira dos séculos XIX e XX. A Casa Hinton, com o passar do tempo, diversificou a sua atividade industrial com uma série de iniciativas empresariais (extraordinárias ao ramo sacarino), sob a chancela da designação comercial William Hinton & Sons. O arquivo que ora se apresenta reúne, então, um conjunto documental produzido e acumulado pela referida família Hinton e pelos documentos da mencionada firma que, conforme a nomenclatura não deixa margem para dúvidas, assumiu como registo societário o nome do seu «patriarca» fundador: William Hinton.Compreender o contexto histórico do ressurgimento dos canaviais na Madeira de Oitocentos e a dinâmica subsequente gerada pela indústria sacarina na economia madeirense do século XIX, passa por conhecer a hegemonia que a mencionada família assumiu ao nível mercantil e do fabrico do açúcar, cujo expoente máximo foi a edificação e laboração do Engenho do Torreão. Se hoje resta na memória coletiva uma ténue recordação dos extensos canaviais que outrora cobriram grande parte da paisagem natural madeirense, importa frisar que o estudo da história económica e social desta ilha, passa inevitavelmente pela investigação do arquivo da firma William Hinton & Sons, em grande parte constituído pelo acervo produzido e acumulado pelo referido Engenho do Torreão, surgido em 1856, que se manteve em funcionamento até 1976, sendo desmantelado em 1986. Em 2004, foi inaugurado na área deste antigo espaço fabril, o atual Jardim de Santa Luzia, à Rua 31 de Janeiro, no Funchal. Na paisagem urbana funchalense, ainda hoje, neste espaço verde, conserva-se de pé a antiga, enorme e icónica chaminé do Torreão. Um símbolo imponente de uma cultura material e de uma arqueologia industrial ligadas à safra sacarina da Madeira de Oitocentos. William Hinton (1817-1904), britânico, estabeleceu-se na ilha da Madeira em 1838, em busca do seu clima ameno. Foi mais um dos muitos ilustres visitantes desta ilha atraído pelo seu «turismo de saúde» e pelo desejo de fazer fortuna com o vinho Madeira. Contraiu matrimónio com Mary Wallas, em 1839, filha de Robert Wallas. Este é um dos motivos, pelo qual o arquivo Hinton reúne documentação mais antiga que a data de fundação do Engenho do Torreão (1856), remontando a 1827, com um conjunto de papéis que comprova a existência de um moinho, note-se, ao sítio do Torreão, na freguesia de Santa Luzia, no Funchal, propriedade daquele Robert Wallas, sogro de William Hinton. William Hinton foi um homem de comércio e um industrial. Foi graças ao seu génio empresarial que prosperou a típica obra de vimes, o cultivo da bananeira e da atividade fabril açucareira, com destaque para a fundação, em 1856, da então moderna fábrica a vapor, que ficou conhecida para a posterioridade por Engenho do Hinton ou por Engenho do Torreão. Sucedeu-lhe nos destinos empresariais, o seu filho, Harry Carvelery Hinton, nascido no Funchal, em 1857. Casou-se, em primeiras núpcias, com Wilhelmina Montgomery e, pela segunda vez, com Isabel Vasconcelos do Couto Cardoso, filha do Morgado do Jardim do Mar. Faleceu em 1948. Harry Hinton, que conforme atesta a sua correspondência particular, também assinava como Henry Hinton, na senda de seu pai, continuou a cultivar o gosto e o fomento da indústria do açúcar e da obra de vimes, bem como do cultivo da bananeira e, não menos importante, da prática do futebol na Madeira. Foi uma personalidade indissociável dos primórdios deste desporto, nesta ilha. Em 1875, com 18 anos de idade, terá introduzido na ilha a primeira bola de futebol. Era, em geral, um homem amante dos desportos. Uma outra faceta importante de Harry Hinton, foi o seu papel benemérito. Foi um benfeitor. E sobre esta sua «nobre» e distinta competência assistencial, este arquivo guarda um livro de atas da Sociedade de Subsistências do Torreão (1917-1918). Foi igualmente relevante o seu papel no campo da história e cultura da Madeira.Em finais de Oitocentos, era muito forte a importância da família Hinton na sociedade madeirense, em grande parte por força da preponderância suprema do Engenho do Torreão. A afirmação desta unidade fabril foi-se consolidando, graças ao quase monopólio que detinha da laboração da cana-sacarina. A capacidade de inovação tecnológica desta fábrica deu-lhe enorme vantagem competitiva sobre todas as suas concorrentes coevas. A modernidade deste engenho é algo que sobressai na consulta do seu arquivo, com destaque para as coleções das plantas das máquinas industriais (1896-1969) e das patentes de invenção e propriedade industrial (1899-1925). A família Hinton, como atesta este arquivo, esteve ainda associada a outras iniciativas empresariais que nada tinham que ver com a indústria da cana-sacarina. Houve uma clara estratégia familiar de intervir ao nível de uma diversificação empresarial. A família esteve ligada ao fabrico de tabaco na Madeira, através da Empresa Madeirense de Tabaco, fundada em 1913. O seu pendor empreendedor estendeu-se aos ramos da reparação e venda de automóveis, à exportação do vinho Madeira, à comercialização de bebidas espirituosas, entre outras conexões societárias constituídas e que uma mais cuidada consulta a este arquivo melhor pode elucidar o investigador interessado. Em suma, este arquivo, no seu género, enquanto «espólio» particular e empresarial, é único no conjunto dos acervos custodiados pela Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira. Não há que esquecer que o Engenho do Torreão, enquanto património industrial edificado oitocentista, reunia, pouco depois da sua desativação, em finais do século XX, características materiais singulares, que tornavam esta unidade fabril e o que ela representava do ponto de vista patrimonial, histórico e simbólico, num ativo cultural único, na sua tipologia, em toda a Europa Ocidental. Por esta razão, a História da Fábrica do Torreão, por tudo o que encerra, representa, em nosso entender, uma «síntese» da cultura açucareira da Madeira dos séculos XIX e XX.

Estatuto legal

Depósito. No âmbito do acordo de colaboração celebrado em 13 de dezembro de 2016, entre a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura, representada pelo seu secretário regional António Eduardo de Freitas Jesus, e a firma William Hinton & Sons, Lda., com sede à Calçada de São Lourenço, n.º 32-B - Galerias de São Lourenço, 9000-061 Funchal, representada pelo seu administrador Catarina Filipa Ramos Welsh, ficou contratado os termos pelos quais assentariam os trabalhos de inventariação, seleção e transferência a título de depósito do arquivo do engenho Hinton, para o Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira. O propósito, num futuro próximo, é a doação deste acervo à Região Autónoma da Madeira.Com a celebração do presente contrato, a depositante William Hinton & Sons, Lda. não perde a qualidade de proprietária do património documental depositado no ABM, podendo, a qualquer altura, consultar o referido acervo. Em todos os instrumentos de descrição e catálogos de mostras ou exposições, deverá figurar sempre a informação relativa à propriedade da documentação e à existência do presente contrato.

História custodial e arquivística

Ao abrigo do acordo de colaboração realizado em 13 de dezembro de 2016, entre a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura e a firma William Hinton & Sons, Lda., representada por Catarina Filipa Ramos Welsh, a qual por si e em nome dos seus familiares Isabel Welsh e Eduardo Welsh, descendentes de Harry Hinton, procedeu-se ao depósito no então Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira de um acervo arquivístico e bibliográfico (biblioteca técnica especializada na indústria sacarina, maioritariamente em língua inglesa) de relevante importância documental, histórica e cultural para a Região Autónoma da Madeira e espaço atlântico. Um conjunto documental de relevo para a investigação das dinâmicas familiares e empresariais da Casa Hinton e seus impactos, sobretudo, ao nível da História Económica e Social da Madeira dos últimos 160 anos.Em 2016, o ABM deu início a um projeto de diagnóstico, acondicionamento e transferência deste acervo para as instalações do Arquivo Regional. Esta documentação achava-se, na maioria, depositada numa sala de um rés-do-chão do então Edifício Opel Centrum Madeira, sito à Rua 5 de Outubro, n.º 92, no Funchal. Atualmente funciona, neste espaço, uma empresa de comercialização de eletrodomésticos. Era neste local que estava guardado o essencial da documentação que sobreviveu até aos dias de hoje, do arquivo e biblioteca da Fábrica do Torreão. Muitos documentos perderam-se. Em particular, é em número escasso as unidades de instalação que sobreviveram no tocante à gestão dos recursos humanos do Engenho do Torreão. Recebeu ainda o ABM um pequeno conjunto documental, constituído sobretudo por plantas de maquinaria industrial e por expediente de natureza familiar e que se encontrava à guarda de Eduardo Welsh, na emblemática residência familiar da Quinta Palmeira, sita à Rua da Levada de Santa Luzia, n.º 31-A, no Funchal. Se contarmos com a documentação depositada nos referidos espaços, sitos na Rua 5 de Outubro e na Quinta Palmeira, ingressou em regime de depósito, no Arquivo Regional da Madeira, em 2016, um total de 29 metros lineares de documentação de arquivo e biblioteca produzida e/ou acumulada pelo universo familiar e comercial Hinton. O trabalho de inventariação do arquivo Hinton, concluído em 2020, culminou no presente instrumento de descrição, o qual reúne um total de 910 u.i. (865 liv., 41 cx. e 4 pt.), com as datas extremas de 1827 e 1994.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

2016-09-19: auto de receção de documentação, no ABM, de um total de 6 paletes, contendo cerca de 34 caixas (livros, pastas e revistas), 350 livros, 7 pastas e 12 maços.2016-12-13: auto de receção de documentação, no ABM, de um total de 42 itens e um conjunto de plantas não contabilizadas.

Âmbito e conteúdo

O presente fundo reúne um conjunto documental significativo, constituído maioritariamente pelo arquivo do Engenho do Torreão, estabelecimento industrial capital para o conhecimento da história económica da Madeira, desde a segunda metade do séc. XIX até finais do XX, em particular do crucial sector do regime sacarino. Em alguns casos pontuais, é ténue, senão mesmo impossível, fixar a «fronteira» entre a documentação de arquivo pertencente ao universo empresarial Hinton - em particular a produzida pelo Engenho do Torreão, daquela que é oriunda da esfera familiar e pessoal da família. Por este motivo, pese embora em termos de dimensão física e temporal, este fundo compreenda, na sua maioria, o arquivo daquela unidade fabril do Torreão, somos de parecer que estamos perante o arquivo da «Casa Hinton», acervo indivisível, conforme espelha a sua estrutura interna de organização física, que engloba documentação empresarial, familiar e pessoal.

Sistema de organização

Procuramos reconstituir a primitiva organização e ordenação do arquivo do Engenho do Torreão, quer dos «papéis» procedentes de outras iniciativas societárias familiares ou do acervo familiar acumulado. É de notar que os itens documentais mais antigos deste acervo remontam ao decénio de 1820, ou seja, em termos de datação, recuam em três décadas ao ano de fundação do Engenho do Torreão. Algumas considerações sobre a estrutura de classificação deste fundo: A primeira secção contempla a documentação estruturante da «Casa» Hinton no tocante à constituição, organização e funcionamento de uma série de empresas a que, de alguma forma, a família ficou associada; No que diz respeito à secção do expediente, quer na correspondência particular, como na empresarial, optamos por conservar o sistema original de classificação alfabética do expediente, ou seja, pela primeira letra do correspondente (pessoa singular ou coletiva), em simultâneo com o critério cronológico; No caso das séries da secção financeira, imperou o critério de respeito pela cotação original do produtor, aliás, reflexo fiel de uma ordenação cronológica, espelhada na «escrituração financeira».

Condições de acesso

Comunicável

Condições de reprodução

Salvo para a documentação que evidencie algum tipo de fragilidade ou deterioração do suporte documental, não são colocadas quaisquer restrições à reprodução dos restantes documentos.

Idioma e escrita

Português, inglês, francês, espanhol, alemão e italiano.

Instrumentos de descrição

Arquivo e Biblioteca da Madeira, William Hinton & Sons, 2020 (idd n.º 164).

Notas do arquivista

TítuloAutoria das descrições e fontes consultadas Data2020-03-19 Nota do arquivistaDescrição elaborada por José Vieira Gomes e Elsa Andrade. Duração do projeto de inventariação: 2016-2020.Bibliografia consultada:BARROS, Fátima e GUERRA, Jorge Valdemar (2010), Funchal 500 anos: momentos e documentos da história da nossa cidade, Funchal, Secretaria Regional de Educação e Cultura (DRAC-ARM), ISBN: 978-972-648-170-6.CLODE, Luiz Peter (1984), Registo bio-bibliográfico de madeirenses (sécs. XIX e XX), Funchal, Caixa Económica do Funchal.GUERRA, Jorge Valdemar (2017), «Arquivo Histórico da Madeira: imagens antigas do Funchal urbano» in Boletim do Arquivo Regional da Madeira, série Colecção Iconográfica 2, Funchal, Direcção Regional da Cultura - Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, ISSN: 2182-9586.OLIVEIRA, Ricardo Pessa de (2018), «Hinton, Henry Calverley», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-19 em: http://aprenderamadeira.net/hinton-henry-calverley/.SILVA, Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de (1998), Elucidário Madeirense, vol. 2.º (F-N), edição fac-símile da edição de 1940-1946, Funchal, Secretaria Regional de Turismo e Cultura (DRAC).VIEIRA, Alberto (coord.), SANTOS, Filipe dos (anot.) (2005), João Higino Ferraz: copiadores de cartas (1898-1937), Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, ISBN: 972-8263-39-2.VIEIRA, Alberto (2014), Nova História Económica da Madeira, Funchal, Agência de Promoção da Cultura Atlântica, ISBN: 978-989-680-132-8.VIEIRA, Alberto (2015), «Aguardente», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-19 em: http://aprenderamadeira.net/aguardente/.VIEIRA, Alberto (2016a), «Açúcar», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-19 em: http://aprenderamadeira.net/acucar/.VIEIRA, Alberto (2016b), «Hinton», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-17 em: http://aprenderamadeira.net/hinton/.VIEIRA, Alberto (2017a), «Engenhos», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-19 em: http://aprenderamadeira.net/engenhos/.VIEIRA, Alberto (2017b), «Ferraz, João Higino», in Aprender Madeira, ficheiro acedido em 2020-02-19 em: http://aprenderamadeira.net/ferraz-joao-higino/.VIEIRA, Alberto (2019), «William Hinton: empreendedor industrial» in Madeira empreendedora: 40 figuras empreendedoras da cultura madeirense, coord. TRINDADE, Cristina, Lisboa, Edições Esgotadas, ISBN: 978-989-8911-59-9, pp. 137-143.