A família Bettencourt Mimoso descende de Simão Acciaiolly, nobre florentino que se fixou na Madeira a partir de 1509 (1), filho do aristocrata Zenóbio Acciaiolly e de Genebra Amadori (2).
Mercador de açúcar, Simão Acciaiolly estabeleceu-se no Funchal, foi morador na rua dos Ferreiros, tendo aí edificado um engenho. Instituiu o morgadio de Nossa Senhora do Faial e mandou construir o capítulo velho do Convento de São Francisco, de invocação de Nossa Senhora da Piedade, onde foi sepultado em fevereiro de 1544.
Entre 1523 e 1531, Simão Acciaiolly exerceu o cargo de almoxarife do Funchal, cargo que tinha pertencido a seu sogro Pedro Rodrigues Pimentel. Entre 1532 e 1534, foi provedor da Fazenda Real na Madeira.
Simão foi casado com Maria Pimentel, filha de Pedro Rodrigues Pimentel - fidalgo da Casa Real, dos Pimentéis de Torres Novas - e Isabel Ferreira Drummond. O casal teve dois filhos: Francisco Acciaiolly e Zenóbio Acciaiolly. Simão teve uma filha ilegítima, Genebra Acciaiolly, que casou em 1539 com o capitão Pedro Folgado; destes descendem os Acciaiolly de Portugal. O Nobiliário de Famílias de Portugal faz ainda referência a um outro filho de Simão, Miguel de Acciaiolly, que foi casado com D. Maria de Andrade de Castelo Branco.
Após a morte do irmão Francisco em 1562, Zenóbio, casado com D. Maria de Vasconcelos, sucedeu no morgadio instituído por seu pai Simão e construiu, em 1582, a capela de Nossa Senhora do Faial, dedicada à Natividade de Nossa Senhora, na sua quinta situada no atual caminho do Palheiro Ferreiro (3).
Até ao séc. XIX foram administradores deste morgadio:
- Francisco Acciaiolly (?-1562), filho de Simão Acciaiolly e Maria Pimentel. Casou com Catarina Rodrigues de Mondragão (?-1568), de quem teve um filho, Simão Acciaiolly, (1545-?), que faleceu na infância;
- Zenóbio Acciaiolly (?-1598), filho de Simão Acciaiolly e Maria Pimentel. Casou com D. Maria de Vasconcelos (?-1621) em 1562;
- Francisco Acciaiolly de Vasconcelos (1563-1648), filho de Zenóbio Acciaiolly e D. Maria de Vasconcelos. Casou em 1588, em Lanzarote, com D. Joana Ferreira de Rojas y Sandoval (?-1623), filha de D. Fernando de Herédia Saavedra y Rojas;
- D. António Acciaiolly de Rojas e Sandoval, filho de Francisco Acciaiolly de Vasconcelos e D. Joana Ferreira de Rojas e Sandoval. Casou pela primeira vez em 1626 com D. Filipa de Souto Maior e, pela segunda vez, em 1638 com a sua prima D. Inês de Vasconcelos, filha de seu tio Simão Acciaiolly. Faleceu sem descendência;
- Simão Acciaiolly de Vasconcelos (1569-1644), filho de Zenóbio Acciaiolly e D. Maria de Vasconcelos e tio de D. António Acciaiolly de Rojas e Sandoval. Casou em 1600 com D. Isabel de Vasconcelos (1580-1637), filha de Fernão Favila de Vasconcelos e de sua terceira mulher, D. Beatriz de Andrade;
- Roque Acciaiolly de Vasconcelos (1618-1694), capitão, filho de Simão Acciaiolly de Vasconcelos e D. Isabel de Vasconcelos. Casou com D. Sebastiana de Albuquerque (?-1668), filha de Jacinto de Freitas da Silva e D. Sebastiana de Albuquerque;
- Jacinto Acciaiolly de Vasconcelos, capitão (?-1721), filho de Roque Acciaiolly de Vasconcelos e D. Sebastiana de Albuquerque. Casou pela primeira vez em 1684 com D. Francisca Velosa de Vasconcelos, filha do capitão Inácio Teixeira Dória e D. Ana de Ornelas e, pela segunda vez, em 1689, com D. Guiomar de Moura e Sá (?-1737), filha do capitão Diogo Afonso de Aguiar e D. Maria de Ornelas;
- Jacinto Acciaiolly de Vasconcelos e Sá (1693-1771), filho de Jacinto Acciaiolly de Vasconcelos e D. Guiomar de Moura e Sá. Casou em 1717 com a sua cunhada D. Mécia Bettencourt de Freitas, filha de João Bettencourt de Freitas e D. Ana de Vasconcelos Lomelino, naturais de Santa Cruz;
- Manuel Acciaiolly de Vasconcelos (1734-1803), filho de Jacinto Acciaiolly de Vasconcelos e Sá e D. Mécia Bettencourt de Freitas. Casou em 1783 com a sua sobrinha D. Isabel Maria Acciaiolly Correia. Faleceu sem descendência;
- D. Luís Acciaiolly de Vasconcelos (?-1824), filho de José Agostinho Correia de Vasconcelos e D. Mécia Francisca Acciaiolly. Era sobrinho de Manuel Acciaiolly de Vasconcelos, anterior morgado e irmão de sua mãe. Casou em 1801 com D. Maria Doroteia de Ornelas Cabral, filha de João José de Ornelas Cabral e D. Isabel Maria de Brito, e faleceu sem descendência.
Os descendentes da família Acciaiolly uniram-se a várias famílias da nobreza madeirense e, no início do séc. XIX, era administrador vincular o comendador João José Bettencourt de Freitas e Meneses (1793-1853) sucedendo, mais tarde, o filho João José Bettencourt e Freitas (1826-1871) (filho do segundo casamento com D. Isabel Brízida) e a filha D. Leonor Bettencourt (1814-1883) (filha do primeiro casamento com D. Leonor Miquelina de Ornelas), que casou com o 1.º Visconde da Casa Branca, general Alexandre César Mimoso (1816-1899).
Em virtude da carta de Lei de 30 de julho de 1860, que obrigou ao registo dos morgados e capelas sob pena de extinção, foi celebrada uma escritura na qual foram anexados todos os vínculos administrados pelo morgado João José Bettencourt e Freitas e sua irmã D. Leonor Bettencourt Mimoso, como imediata sucessora, aglutinando-os num só vínculo, com o encargo de apenas uma missa rezada na igreja de Santo António da Serra. Os vínculos anexados foram instituídos por: Zenóbio Acciaiolly; Gaspar Gonçalves Ferreira; Maria Pimentel; Beatriz Vieira Tavares; Guiomar de Lordelo; Diogo Vaz da Corte; Luís Bogalho; João Baptista Spínola; Beatriz Antunes, mulher de Diogo Vaz da Corte; Antónia Coelho, mulher de João Gonçalves de Abreu; D. Maria de Freitas Bettencourt; Diogo de Barcelos e sua mulher Catarina Coelho; Catarina de Freitas; Pedro Gonçalves da Corte e sua mulher Joana Mendes; Beneficiado Pedro Fernandes; Maria da Corte Ferreira (4).
(1) Existem incongruências quanto à data de chegada de Simão Acciaiolly à Madeira. Segundo MIRANDA, “Apontamentos para a genealogia de diversas famílias da Madeira (...)", 1887-1888, p. 155, Simão Acciaiolly chegou à Madeira em 1509. Para DORIA, 2003, "Acciaiollis, Madeira e Brasil, I", p. 13, o nobre florentino chegou por volta de 1515.
(2) Segundo VAZ, 1964, "Famílias da Madeira e Porto Santo", p. 26, a esposa de Zenóbio Acciaiolly poderia também chamar-se, "segundo outros", Catarina Delphini.
(3) FERREIRA, et al, 1997, “Guia do Arquivo Regional da Madeira”, p. 156.
(4) ABM, FBM, cx. 2, n.º 17 (cota provisória).